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Do Banestado ao mensalão, a longa ficha corrida de Youssef

Desde os anos 90, doleiro tem a confiança de empresários e políticos

CHICO DE GOIS

2014040731304BRASÍLIA — Há dez anos, Alberto Youssef deixou de ser um nome de conhecimento restrito ao meio político para ganhar fama nas páginas de escândalos. A cada nova denúncia envolvendo seu nome, uma fileira de parlamentares era revelada. No final da década de 1990, o doleiro tinha pouco mais de 30 anos, mas contava com a confiança de políticos e empresários para escoar dinheiro pelos subterrâneos até paraísos fiscais.
O esquema ganhou luz em 2002, quando veio à tona o caso do Banestado. Privatizado em 2000 pelo então governador do Paraná, Jayme Lerner, o banco serviu para, segundo as investigações de uma força-tarefa, remeter US$ 30 bilhões irregularmente para o exterior. As remessas eram feitas por meio de contas CC5 (de não residentes). Cabia a Youssef a administração das contas.
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O doleiro foi condenado pela Justiça Federal em 2004. Fez um acordo com o Ministério Público para delação premiada e admitiu ter movimentado US$ 5 bilhões ilegalmente. Comprometeu-se a não atuar no mercado de dólar — o que não ocorreu, conforme demonstram as investigações da Operação Lava-Jato.
Youssef se tornou pivô de outro caso rumoroso no Paraná. Em 2002, câmeras do circuito interno de uma agência do Banco do Brasil em Curitiba o flagraram acompanhando dois pagamentos de R$ 13,2 milhões da Companhia Paranaense de Energia (Copel). Outro pagamento foi realizado dias depois, totalizando R$ 39,6 milhões.
Segundo o Ministério Público do estado do Paraná e da Procuradoria Geral do Estado, os recursos se referiam à compra de créditos de ICMS de uma empresa falida, a Óleos e Vegetais Paraná S/A (Olvepar). A transação foi autorizada pelo então secretário da Fazenda, Ingo Henrique Hubert. Youssef e outros envolvidos foram denunciados pelo MP por formação de quadrilha.
O nome do doleiro também surgiu na CPI dos Correios, que revelou o mensalão do PT. Ele foi citado como sendo o verdadeiro dono da corretora Bônus-Banval, usada para repassar R$ 1,2 milhão aos então deputados Pedro Henry (PP-MT), Pedro Correia (PP-PE) e José Janene (PP-PR). Porém, essa ligação não foi comprovada, e Enivaldo Quadrado, que aparece como dono oficial da corretora, foi condenado a pena alternativa pelo Supremo Tribunal Federal por envolvimento com o mensalão.
O ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA) tem um irmão que trabalha numa empresa do doleiro, segundo a revista “Época”. Trata-se de Adarico Negromonte. O rol de amigos poderosos de Youssef se estendeu à Petrobras. Na estatal, ele era não só amigo, mas sócio do diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa.
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