Página IncialArtigos e discursosBalanço do segundo e do terceiro mandatos.Teatro Guairá, Curitiba, abril de 2010.

Balanço do segundo e do terceiro mandatos.Teatro Guairá, Curitiba, abril de 2010.

Sei lá quem disse, alguém disse, que a vida é feita de escolhas. Fiz as minhas. À véspera de concluir o terceiro período à frente do Governo do Paraná, falo dessas escolhas, de minhas inclinações, para onde e por quem tendi.
Falo, para dizer que refaria o caminho, porque ele não se desviou dos compromissos de toda uma vida. Ainda que, às vezes, tenha me sentido muito só, porque a incompreensão, em dadas circunstâncias, afastou até mesmo companheiros mais próximos.
No discurso de posse deste mandato, em janeiro de 2007, procurei deixar claro quais foram essas escolhas, de que lado batia o nosso coração. Vínhamos de uma duríssima campanha eleitoral. Talvez a mais impiedosa, desrespeitosa, feroz de todas as campanhas havidas no Paraná contra um candidato.
Todos os interesses estorvados, todos os negócios malogrados, os senhores do pedágio, os mascates dos transgênicos, os defensores dos contratos lesivos ao Estado, os cavalheiros das privatizações, os bingueiros, a nobre casta das sinecuras e mamatas aboletaram-se na mesma frente.
É claro, com a sempre prestimosa colaboração da mídia. Afinal, como defendeu dias passados a presidente da Associação Nacional dos Jornais, Judith Brito, já que a oposição brasileira “está profundamente fragilizada (…) os meios de comunicação estão fazendo a posição oposicionista”. Abstraído o mal português, eis uma sincera confissão.
Mas vencemos. E radicalizamos os nossos compromissos com aqueles que seriam vitimados pela recidiva neoliberal, no caso de nosso insucesso.
Um Governo de esquerda. Fortemente, emocionalmente enraizado nas classes populares, desvinculado do grande capital, na contraonda dos preceitos, regras e imposições do mercado. Um Governo na contramão do triunfalismo da globalização.
Foi o que fizemos.
Na primeira metade do mandato, de 2003 a 2006, refundamos o Estado, restaurando a sua capacidade de planejar e investir, colocamos a administração pública novamente de pé, reequilibramos as finanças, cancelamos contratos imorais, recuperamos as empresas estatais e demos início a um fantástico programa de ações e obras.
Nessa segunda metade, consolidamos as transformações, como a seguir se demonstra.
Quem tem coração para ver, que veja. Quem não tiver a alma nublada pelo preconceito, pelo rancor, pela má fé ou pela burrice mesmo, que testemunhe.
Estão aí os 44 hospitais. Nunca, ao longo da existência do Paraná, o Estado construiu um único hospital público de porte. Há 50 anos e mais construíram-se hospitais públicos para atender doenças mentais e a hanseníase. Hospitais gerais, públicos e gratuitos, nenhum.
Construímos 13 grandes hospitais públicos. Reconstruímos, reformamos e ampliamos outros 31. Hospitais cem por cento SUS, cem por cento gratuitos, com qualidade, em instalações e equipamentos, superiores aos melhores hospitais particulares.
Talvez seja isso o que incomoda muita gente. Agora, o Estado fornece aos mais pobres aquilo que era privilégio dos mais ricos. E lá vêm as críticas. Dizem: “A manutenção desses hospitais vai custar uma fortuna”.
De fato, não vai ser barato. E daí?
Queimar dinheiro público em bandalheiras, em privatizações desastrosas, em licitações e obras superfaturadas, em salários e mordomias de sultões, aí pode. Dar para os mais pobres um hospital equipado com o que há de mais moderno no mundo, é um escândalo.
Além dos 44 hospitais, estamos construindo 300 Clínicas da Mulher e da Criança. Clínicas com ultrassom, gabinete dentário, acompanhamento pré-natal e pós-natal. Quem nasce no Paraná tem direito à vida. Essas clínicas vão garantir esse direito.
Costumam dizer que um dos grandes desafios dos países menos desenvolvidos é a educação, que sem um desenvolvimento educacional adequado, não haverá avanço econômico. Se assim for -e assim é- o Paraná dá um exemplo para o Brasil.
A começar pelo orçamento. Trinta por cento para a educação. O maior do país. Resultado, os nossos alunos, do fundamental e do médio, têm obtido as melhores notas nas avaliações do Ministério da Educação. Seguidamente, ganhamos ouro nas Olimpíadas de Matemática e de Português. Cerca de 70 por cento dos aprovados em nossas Universidades são alunos da escola pública estadual.
Em cada sala de aula, uma televisão multimídia, ampliando infinitamente as possibilidades de transmissão de conteúdos. Em todas as escolas, laboratórios de informática conectados à internet, via fibra ótica. Livros didáticos públicos, gratuitos. Transporte escolar para que nenhuma criança fique fora da escola, por mais longe que more.
Treinamento dos professores, através do maravilhoso Programa de Desenvolvimento Educacional, o PDE, uma experiência inédita no país. Plano de cargos e salários, aumentos salariais diferenciados e recomposição dos ganhos para os nossos mestres.
Há certas decisões dos neoliberais, dessa gente que prega o Estado mínimo e amputado, que me intrigam. Por exemplo: por que acabaram com os colégios agrícolas em um estado com raízes agropecuárias tão fortes como o nosso? Por que acabaram com o ensino profissionalizante, quando a demanda por mão-de-obra média qualificada é cada vez maior e quando a desqualificação profissional dos jovens é um dos fatores do aumento da marginalização da nossa juventude?
Ah sim, acabaram também com os Jogos Colegiais, com as Feiras de Ciências.
Estão aí os colégios agrícolas de volta. Está aí novamente o ensino profissional, com dezenas de milhares de alunos, e mais de 40 opções de cursos. E os Jogos Colegiais, os festivais de arte e de ciências alegram e educam as nossas crianças e jovens.
Seja em relação ao conteúdo, seja em relação às instalações e equipamentos, as nossas escolas públicas nada devem às escolas particulares.
Às vezes tenho a impressão que também isso aborrece algumas pessoas. Além de hospitais públicos com a qualidade dos melhores hospitais privados, também escola pública com qualidade das caríssimas escolas particulares? Esses pobres estão se achando….. parecem dizer aqueles contrariados com tantos investimentos em saúde e educação públicas. Afinal eles queriam ver isso tudo privatizado e os pobres que se explodissem.
Existe uma outra estatística do passado que também me intriga. A estatística dos empregos formais. Vejam, nos oito anos que nos antecederam, foram criados no Paraná apenas 38 mil empregos com carteira assinada. Nos sete anos de nosso Governo, já são mais de 673 mil novos empregos com carteira a
ssinada.
Como explicar uma disparidade tão grande assim?
Não há mágica ou milagre. Trata-se de uma escolha. Em vez de privilegiar as multinacionais, que engoliram bilhões de dólares de dinheiro público e poucos empregos geraram, optamos por incentivar as empresas paranaenses e brasileiras, especialmente as pequenas e médias, cortando impostos, dando incentivos fiscais, trocando o imposto por empregos.
E não deixamos de atrair grandes investimentos multinacionais, mas sem cometer a insensatez de cobri-los com benesses, imunidades e outras manifestações de estultícia, de sabujice colonial.
Por isso, quando vejo esses rapazes dourados, com muita panca e pouco tutano, liderando a tentativa de volta daquela gente que desgraçou o Paraná, perco o sono. E a paciência.
Vamos de novo à comparação: nos oito anos de governo daquela turma que quer voltar, foram criados apenas 38 mil empregos formais. Em sete anos de nosso Governo, mais de 673 mil novos empregos com carteira assinada.
Com uma política agressiva de corte de imposto, de benefícios fiscais para quem investe nas regiões mais pobres do Paraná, fizemos girar a roda da economia, o seu círculo virtuoso de mais produção, mais consumo, mais empregos, mais salários, mais renda.
Se, de um lado, buscamos aumentar fortemente a oferta de emprego, porque o emprego e o salário são a fonte de vida e dignificam todo ser humano, de outro lado, socorremos aqueles que a selvajaria neoliberal empurrou além da linha da pobreza.
Daí programas como Luz Fraterna, Leite das Crianças, Tarifa Social da Água, que agora deixam de ser uma política de nosso Governo para se transformar em política de Estado. Queremos que a solidariedade para com os mais pobres seja constitucionalmente obrigatória.
A violência nas grandes cidades é atribuída também a um processo de urbanização acelerado e descontrolado. Esvazia-se o campo, incha-se a periferia. Desestimulado, abandonado, o pequeno proprietário tende a vender a terra e a transformar-se em mais um pária urbano.
Pois bem, pela primeira vez em décadas, o nosso Governo conseguiu deter o processo de diminuição das pequenas propriedades rurais. Contrariando os fatalistas, que dizem que ser inevitável a redução das unidades rurais, cresceu o número de propriedades familiares no Paraná.
Também aqui não há milagre ou mágica.
Criamos o Fundo de Aval, para que o pequeno proprietário tivesse acesso ao crédito. Antes, ele não conseguia empréstimo no banco porque não tinha como garantir esse empréstimo. Agora, o avalista é o Estado.
O programa Trator Solidário liberta o pequeno agricultor do arado e dá a ele condições de produzir mais, com mais qualidade. O Programa Irrigação Noturna opera prodígios de aumento da produção e da produtividade.
Reativada e reequipada, a Emater dá uma sólida assistência técnica para os pequenos agricultores. O IAPAR pesquisa e fornece as melhores alternativas de plantio e cultivo. O pequeno agricultor tornou-se visível para o Estado.
Afinal, mais de 90 por cento das propriedades rurais paranaenses são unidades familiares. E quase tudo o que consumimos diariamente vem das pequenas propriedades.
Nunca apanhei tanto como quando decidi rever os contratos da Copel e o pacto de acionistas da Sanepar, além da reversão da privatização da Ferroeste. Sem falar nas várias tentativas de quebrar os contratos extorsivos do pedágio.
A oposição e a mídia que, como vimos, às vezes se confundem, chegaram até mesmo a criar um índice, o “risco Requião”. Caso não cumprisse os contratos, diziam, colocaria em perigo os investimentos estrangeiros no Brasil.
Sempre que vejo filmes que retratam os tempos coloniais na Ásia ou na África, um desses filmes ingleses, por exemplo, fico constrangido com aquelas cenas de servilismo do colonizado babão. O mesmo constrangimento eu senti quando vi a reação de políticos, economistas e jornalistas diante da minha decisão de suspender o pagamento e renegociar os contratos lesivos ao Paraná.
Até mesmo o comentarista esportivo e o repórter policial, entre uma ripada no bandeirinha e uma cena de sangue no boteco, achavam espaço para me desancar.
Na verdade, do outro lado da mesa, encontrei muito mais compreensão que entre os obtusos defensores do “pacta sunt servanda”.
A renegociação dos contratos salvou a Copel, hoje a mais sólida e exuberante das empresas de energia do país que, mesmo praticando a menor tarifa, fecha mais outro balanço com lucro acima de um bilhão de reais.
Se os contratos não fossem revistos, a Copel não teria sobrevivido. Ainda assim, ninguém pediu desculpas pelas sandices ditas. Pior, pesquisem e não vão encontrar notícias sobre como foi essa renegociação. E querem ainda que os respeite. Ora….
A Sanepar, cujo pacto de acionistas entregava-a ao sócio privado e minoritário, que definiu a obtenção de lucros como missão da empresa, voltou às mãos do Estado. Foram mais de três bilhões e 400 milhões de reais em investimentos, transformando o Paraná no Estado com os melhores índices de tratamento de água e esgoto.
No Dia da Água, dia 22 passado, a ONU divulgou um relatório dando conta da verdadeira devastação que a falta de saneamento faz na humanidade. Mesmo em nosso país, são as doenças infectocontagiosas, provocadas pela ausência de água e esgoto tratados que mais engrossam as filas do SUS.
Logo, o saneamento não pode ficar em mãos privadas, não é um negócio.
Para universalizar o acesso ao saneamento, restabelecemos a Tarifa Social da Água, beneficiando hoje perto de um milhão de paranaenses. A Tarifa Social havia sido praticamente extinta, com a venda de parte da Sanepar ao Consórcio Dominó, privando as famílias mais pobres de água e esgoto tratados.
E essa gente ainda quer voltar ao Governo.
A batalha pela recuperação do porto público de Paranaguá foi outra difícil refrega. O porto estava sendo preparado para a privatização, e abandonado, a fim de que o arremate fosse por preço de banana.
Sem investimentos, sujo, balanças adulteradas, mais de duas mil reclamações internacionais de fraudes nas cargas de grãos, apenas em 2002, um fabuloso passivo trabalhista, pátio de triagem e cais tomados por gangues, prostituição e tráfico, ruas de acesso esburacadas e malcheirosas, altíssima inadimplência, já que poucos pagavam as tarifas e ninguém cobrava, o Porto de Paranaguá exigia um dura intervenção.
E assim foi feito.
Cessou o calote das tarifas portuárias, desmontou-se a indústria das horas extras indevidas, aferiram-se as balanças, acabaram as fraudes nas cargas exportadas e o porto voltou a ter dinheiro em caixa para obras.
Foram mais de 300 milhões de reais em investimentos, com recursos próprios, transformando o Porto de Paranaguá
em um dos mais modernos terminais do Brasil. Antes condenado a ser um sonolento porto graneleiro, Paranaguá é hoje um porto multicargas. Depois das obras de modernização, ele passou a operar com veículos, congelados, papel, fertilizantes, açúcar, contêineres, madeira.
Resultado: a receita cambial que, em 2002, era de quatro bilhões de dólares, pulou para l2 bilhões e 500 milhões, em 2009.
Hoje, o Porto de Paranaguá fala com o mundo e integra com sucesso o sistema internacional de portos.
Na campanha eleitoral de 2002, percorrendo o Paraná em todas as direções, vi a malha rodoviária estadual destruída. Um patrimônio de mais de dez bilhões de reais, segundo se avaliava à época, destroçado pela incúria dos criadores do pedágio.
Sem cobrar pedágio, sem recorrer a financiamentos, com dinheiro próprio, o dinheiro que era antes surrupiado do Detran, reconstruímos as nossas estradas. Duplicamos trechos críticos, como Cascavel –Toledo, Maringá-Paissandu, a Carlos Strasser, em Londrina. Iniciamos a pavimentação da Estrada do Cerne. Mais de oito mil quilômetros de estradas recuperadas, praticamente toda a malha estadual.
Patrulhas rodoviárias trabalham incessantemente em todo o Paraná na manutenção das estradas rurais. Construímos mais de 600 pontes, viadutos, trincheiras. Refizemos boa parte dos aeroportos municipais.
Vocês se lembram que uma das primeiras providências de nosso Governo foi cancelar contratos de informática. Contratos suspeitos, superfaturados, desnecessários. Centenas de milhões de reais jogados pelo ralo, enquanto a empresa pública de informática, a Celepar, permanecia, desprestigiada, à margem.
Quando falei em cancelar os contratos, aterrorizaram-nos, prevendo o caos no Paraná. Os contratos foram eliminados, a Celepar assumiu o trabalho e tudo funcionou e perfeitamente bem.
Hoje, a Celepar é um exemplo em que se espelha a informática pública de todo o país. Reequipada, com novas instalações, rompendo as amarras com o software proprietário e adotando o software livre, a Celepar é um dos esteios para que tenhamos um Governo transparente, eficiente, moderno, democrático.
O Paraná é hoje o Estado que mais investe na educação superior pública. Não é de nossa responsabilidade, mas assumimos a tarefa. São mais de 85 mil alunos, sete mil professores e nove mil funcionários em seis universidades. A qualidade do nosso ensino superior é testada, e reconhecida, em exames nacionais de avaliação.
O Programa “Universidade Sem Fronteiras” revela o quanto as nossas Universidades estão vinculadas à realidade paranaense. É o maior programa de extensão universitária do país, presente em 280 municípios, apoiando a agricultura familiar, a pecuária leiteira, a pequena indústria, os pequenos negócios, a educação. São os nossos alunos e professores solidários na construção de uma vida melhor.
Em nosso Governo, já investimos mais de seis bilhões de reais no ensino superior público, em ciência e em tecnologia. É o Paraná construindo um chão firme para o desenvolvimento.
Nos dias que correm, não é uma tarefa tão fácil, tão simples assim cuidar da segurança pública. É provável que esse seja o setor mais sensível da administração, o mais sujeito às críticas. Mesmo porque todos se julgam especialistas em segurança.
Também aqui um duro trabalho de reconstrução. Compra de veículos, helicópteros, barcos, aviões, armas, equipamentos de comunicação e de segurança, implantação do geoprocessamento, o mapa do crime, cursos de capacitação e melhorias salariais. Contração de 6 mil e 500 homens e, agora , a abertura de concurso para a contratação de mais dois mil policiais.
Nunca as Polícias Militar e Civil tiveram uma renovação de equipamentos tão grande assim; e nunca se contratou tanto novos policiais como em nosso Governo. No entanto, bastam as manchetes do final de semana para se passar a falsa idéia de ineficiência do trabalho policial.
Procuramos estabelecer o conceito de “polícia comunitária”, com o Projeto Povo, a Patrulha Escolar, a Patrulha Rural e o Bombeiro Comunitário. Uma polícia mais próxima das pessoas, integrada à sua vida.
Para vigiar as fronteiras e coibir o tráfico de drogas e armas, criamos a Força Alfa. A Força Samurai e o Serviço l8l fazem um duro combate às drogas. Hoje, o Paraná é um dos estados campeões na apreensão de drogas e no desbaratamento de quadrilhas de traficantes.
Mas quando vejo as estatísticas do IPEA sobre o desemprego entre os jovens, pergunto até de ponto a nossa política de segurança terá êxito.
Prestem atenção neste número: quando assumi, o Paraná enfrentava uma crise de vagas nas penitenciárias e as delegacias estavam lotadas de presos. Decidi construir 12 grandes penitenciárias, para revolver esse problema por uns 30 anos.
Pois bem, as l2 penitenciárias já foram construídas e estão todas lotadas, e as delegacias continuam com excesso de presos. E até o final do ano mais duas penitenciárias ficam prontas. E logo em seguida também estarão lotadas.
Se, de um lado instaurou-se por aí um verdadeiro fundamentalismo judicial, com condenações a mãos cheias, de outro, vemos crescer assustadoramente as diversas formas de delinqüência. De tal forma que, nesse ritmo, não há polícia que baste, não há penitenciária que seja suficiente.
Cite-se ainda que dobramos o número de vagas para atender o adolescente infrator. Construímos mais sete Centros de Sócioeducação, quatro novas casas de semiliberdade e estamos investindo 60 milhões de reais na construção de 30 Centros da Juventude, um magnífico programa para dar uma referência sadia para os nossos jovens.
Ninguém deve ser impelido a deixar o seu lugar de origem por falta de boas condições de vida . As pessoas têm que viver bem lá onde nascem, casam, criam os filhos.
Para tanto, investimos perto de três bilhões de reais em mais de seis mil obras de melhoria urbana. Pavimentação, terminais de ônibus, praças, parques, quadras de esporte, creches, postos de saúde, escolas, estações rodoviários, viadutos, trincheiras, prolongamento e duplicação de avenidas e rodovias.
Ao mesmo tempo, passamos a exigir que os municípios elaborassem Planos Diretores, para bem ordenar a vida urbana e não desperdiçar o dinheiro público.
Essas milhares de ações de melhoria urbana completam-se com as seis mil e seiscentas construções tocadas pela Secretaria de Obras, ao longo deste Governo.
E ainda temos que ouvir um certo e boquirroto radialista repetir todos as manhãs que este Governo não tem obras. Ora.
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Segundo avaliação da Fundação SOS Mata Atlântica, o Governo do Paraná está muito à frente de seu tempo nas questões ambientais e deve servir de referência. De fato, nesses sete anos, temos feito um grande esforço para preservar este canto do planeta, já tão agredido e devastado pelo avanço das atividades econômicas.
Criamos a Força Verde, um Batalhão da Polícia Militar que, junto com os 300 fiscais IAP, coibe os crimes contra a natureza. Equipada com helicóptero, aviões, barcos, motos, camionetes, a Força Verde tem uma grande mobilidade, deslocando-se com rapidez por todo o Paraná.
As ações de fiscalização reduziram o desmatamento em 93 por cento. De 193 mil hectares de matas derrubadas por ano, reduzimos o corte a menos de três mil hectares, anualmente. O programa Mata Ciliar plantou mais de cento e dez milhões de mudas, ao longo de rios, nascentes, lagos e represas. É o maior programa do gênero, em todo o mundo.
Com a criação do Parque Estadual Serra da Esperança, na região de Guarapuava, vamos preservar os melhores remanescentes de araucária existentes no Paraná.
E, para o jornal que, repentinamente, passou a se preocupar com o meio ambiente, lembramos que mais de 90 por cento das áreas preservadas no Paraná –parques, florestas, matas, reservas e corredores de biodiversidade- foram criados em nossos três governos. Os ecologistas preferidos da mídia só fizeram propaganda.
O nosso programa “Corredores da Biodiversidade” foi considerado pelo Banco Mundial como o melhor programa de meio ambiente apoiado pela instituição, em todo o mundo.
Há quem esteja por aí decretando fim de uma era. Para a mídia que viveu no seco nesses últimos anos, e sonha com a “era” de meu antecessor, que a premiou com quase dois bilhões de reais em propaganda paga, de fato é de se comemorar.
Nesses últimos dias, principalmente, estamos vendo uma clara, indissimulável, campanha de desconstrução do nosso Governo e do governador. Como disse a presidente da Associação Nacional dos Jornais, são os meios de comunicação fazendo a “posição oposicionista”.
Se, para eles talvez seja o fim de uma era de vacas magras, felizmente, não é assim para o os paranaenses, especialmente os mais pobres.
Realmente, para que nenhum outro governante destrua os programas de transferência de renda que possibilitaram a 800 mil paranaenses ultrapassar a linha da pobreza, eu e o Pessuti estamos garantido que as 280 mil famílias que recebem energia de graça, continuem sendo beneficiadas; que as 270 mil famílias inscritas na Tarifa Social da Água, continuem pagando um preço quase simbólico pela água e pelo esgoto tratados; que as l60 mil crianças que recebem um litro de leite por dia, sejam salvas a desnutrição e das doenças; que o nosso Salário Mínimo Regional, o maior do país, continue aumentando a renda dos trabalhadores.
Essa herança, essa bendita herança, não será mais dissipada.
Assim como espero que não se dissipe o programa de construção de casas populares, que já retirou da sub-habitação mais de 280 mil paranaenses.
Que não se dissipe a nova linha de ação do Provopar, que hoje se volta principalmente a programas de geração de rendas, fornecendo aos paranaenses mais pobres meios concretos para ultrapassarem a exclusão, o subemprego, a falta de qualificação profissional.
Que não se dissipe o “Paraná em Ação”, por cujas feiras de serviços públicos já passaram mais de um milhão e meio de paranaenses à busca de carteira de identidade, de certidão de nascimento, de inscrição em programas sociais, de cidadania, enfim.
Que não se dissipe, que não se destrua todo o esforço que fizemos para tornar a gestão pública transparente, às claras. Cada conta, cada gasto, cada licitação, cada obra. Nada a esconder, tudo revelado.
Paranaenses, eis um balanço, dentro da inevitável limitação de tempo, desses sete anos de Governo. Com toda a tranqüilidade, com coração confortado e a alma serenada posso dizer: combati o bom combate e não perdi a minha fé. Não desviei de meus compromissos políticos e ideológicos. Não traí as minhas escolhas.
E não fugi de nenhuma briga. Mesmo as mais enfurecidas.
Enfrentamos quase que sós, sob cerco da mídia, das cooperativas e das poderosíssimas cinco irmãs do cartel internacional das sementes, a batalha dos transgênicos.
Valeu a pena a resistência. Hoje, dos estados produtores de soja e de milho, o Paraná é o que tem a menor área de produção de grãos geneticamente modificados. Isso quer dizer que os nossos produtores de soja e milho convencionais têm a garantia de melhores preços no mercado internacional, já que o mundo todo restringe o consumo de transgênicos.
Nossos produtores, obrigados a pagar pesados royalties pela semente modificada e às voltas com as seqüelas da aplicação do roundup, o glifosato, começam a entender as desvantagens dos transgênicos.
O que sempre me escandalizou na batalha dos transgênicos foi que a mídia, o tempo todo, para confrontar o Governo, valeu-se de estudos e argumentos do famigerado Conselho de Informações sobre Biotecnologia, o CIB, uma ONG teúda e manteúda pelas multinacionais das sementes geneticamente modificadas. E os meios de comunicação nunca disseram o que estava por trás do CIB, fornecendo suas opiniões como técnicas e isenteas.
A batalha dos contratos, especialmente os contratos de compra e venda de energia do Copel firmadas com empresas espanholas e norte-americanas foi outra dura batalha. E, também aqui, os meios de comunicação jogaram contra os interesses dos paranaenses. Engrossaram o coro dos tais “especialistas” que desancavam o governador por ousar rever contratos.
Ganhamos também essa batalha, salvamos a Copel da insolvência e até hoje espero, em vão, pedidos de desculpas pelas agressões que sofri. Se isso é demais, que pelo menos noticiem, como não fizeram até agora, que os contratos foram renegociados, com vantagens para os paranaenses. Mesmo com quatro anos de atraso, poderiam dar a notícia.
A refrega do pedágio foi outro dos contenciosos que deu muito o que falar. E o que não falam é que nenhum dos aumentos de tarifas foi autorizado pelo Governo. Negamos todos. Hoje, temos mais de cem ações contra as concessionárias na Justiça. Se não fosse isso, com certeza os aumentos teriam sido ainda mais extorsivos do que foram.
Mais ainda: foi graças a pressão do Paraná contra o pedágio que o Governo Federal mudou o modelo de concessão e, agora, temos um modelo cujas tarifas são razoáveis, como as tarifas vigentes na BR ll6 e na BR 376.
Houve quem, anos atrás, diante de minha pregação contra o neoliberalismo e a desenvoltura sem freios e li
mites do capital financeiro global, me chamasse de “profeta do caos”, buscando desclassificar minhas opiniões.
Eis que tudo aconteceu como era evidente que acontecesse.
Como é também óbvio que a crise ainda não se arrefeceu. Um relatório sobre risco financeiro da “The Economist”, a principal revista de economia do planeta, encartada na “Carta Capital” desta semana, anuncia que “os deuses contra-atacam”. Os deuses do mercado financeiro, da especulação, do capital vadio. A comoção que abalou todos os países e que levou governos a defenderem um duro controle da especulação, parece que se dissolveu, minguou.
No Brasil, desgraçadamente, vemos o Banco Central comandar o país e a economia, atrelando-nos à lógica e aos interesses dos especuladores. Até quando?
Paranaenses, companheiros de Governo, senhores vereadores, prefeitos, vice-prefeitos e deputados. Amigas e amigos.
Até breve. Mais adiante vamos nos encontrar em mais uma contenda. Certamente tão difícil como todas as outras que disputamos. E vencemos. Não conheço caminhos planos, ondas suaves, embates eleitorais amenos. Minha vida política não se deu à sombra e com água fresca.
Até breve. Agora é com o Orlando Pessuti, companheiro de longa caminhada, que dá continuidade ao Governo da mudança, das transformações. O Governo que elegeu as classes populares como sua razão de ser e cumpriu com a palavra.
Do outro lado da rua, do lado de lá, saracoteiam os transformistas. Em torno deles, alguns dos nossos, repetindo o mesmo e fatal engano de Esaú.
Longa, longa vida ao Pessuti, o nosso Jacó.