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Discurso do Senador Requião sobre recentes ataques proferidos pelo senhor Ricardo Boechat

Nesses dias de recesso, mais uma vez, fui atacado de forma raiventa, colérica, com fúria hidrófoba pelo senhor Ricardo Boechat. Ataques a mim e à minha família, porque ele não se contentou em mirar-me. Ataques seguidos, repetidos em um crescendo desvairado, apoplético.
Por que? Por causa do arquivamento da representação contra mim, a propósito do caso do gravador.
Quando pensava que, nesses anos de vida pública, tendo sido deputado, prefeito, três vezes governador e senador pelo segundo mandato, já tivesse a pele curtida por tantos ataques, críticas, calúnias e acusações infamantes, que já passara por tudo e mais um pouco, surpreendo-me com a voracidade, com o apetite vampiresco de alguns agressores.
Certamente abastecido pelos meus adversários no Paraná, o senhor Boechat disse coisas gravíssimas, sem se preocupar com a verdade dos fatos. Sou jornalista e aprendi que a preocupação suprema do jornalista é a verdade e que a verdade está nos fatos.
Mas que se lhe dá se a verdade contrarie o que diz, se o propósito do senhor Boechat é injuriar, infamar, destruir?
Azar da verdade, intrometeu-se onde não devia.
O senhor Boechat conhece o Paraná? O que ele sabe de meu Governo? O que sabe do Porto de Paranaguá, um de seus temas favorito ao atacar-me?
Nada. Não sabe nada. Não faz mais que repetir, tediosamente, os argumentos de meus adversários, daqueles que processo por assalto ao dinheiro público.
De nada sabe da luta dificílima, insidiosa que o meu governo enfrentou para recuperar o
Porto de Paranaguá, para limpá-lo das quadrilhas que o assaltaram e para afastá-lo do apetite salivante dos que pretendiam privatizá-lo.
O que sabe o senhor Boechat da fraude das balanças, do roubo de cargas, da areia adicionada às sacas de soja e milho para aumentar o peso?
Da urina bovina também adicionada aos grãos para inchá-los e fazer pesar mais?
Da divisão das operações no porto entre bandos? Do tráfico de drogas? Da indústria de ações trabalhistas que consumia todo o resultado financeiro do porto? O que sabe da desmoralização internacional do porto por causa da adulteração dos grãos que exportava?
O que sabe das mais de duas mil reclamações de importadores europeus e chineses irritados com a falsificação do que recebiam via Paranaguá?
Nada. O senhor Boechat não sabe de nada. Ele apenas recolhe informações dos defensores dos interesses que contrariei ou de notórios quadrilheiros que escorracei do terminal.
O sindicato dos ladrões não se conforma em ter sido expulso do cais.
O senhor Boechat conhece o Paraná? O que ele sabe de meu Governo?
Nada. Não sabe nada.
Não sabe que, no meu governo, o Paraná foi o estado que mais avançou no combate à pobreza, que mais diminuiu a mortalidade infantil e desnutrição da primeira infância, que mais combateu o analfabetismo, que criou o maior salário mínimo regional do Brasil.
Que zerou o imposto das micro empresas e reduziu o imposto das pequenas à média de apenas dois por cento, que, na crise financeira global de 2008, cortou o imposto de cem mil itens de produtos de consumo popular, para estimular as compras e manter a economia girando.
Não sabe que em meu Governo o Paraná foi o estado que mais criou empregos com carteira assinada.
Não sabe que o meu Governo instituiu a Tarifa Social do Saneamento Básico, cobrando uma tarifa simbólica pela água e pelo esgoto tratados, porque saneamento é saúde.
Não sabe que o meu Governo aboliu a cobrança da conta de luz dos mais pobres, porque energia elétrica é uma conquista da civilização que não pode faltar na casa do povo.
No Paraná, senhor Boechat, nos dias frios de inverno os mais pobres não tinham acesso a um banho quente e nem um ponto de luz à noite para os filhos estudarem.
O senhor Boechat conhece o Paraná? O que ele sabe de meu Governo?
Nada. Não sabe nada.
Não sabe que o Paraná é o único estado, por decisão minha, que destina 30 por cento de seu orçamento à educação.
Que a educação pública no Paraná, durante o meu Governo, alcançou as melhores avaliações do MEC, primeiro lugar do Brasil. Que nas Olimpíadas de Matemática sempre fomos os melhores. Que no ensino de Português alcançamos a ponta. Que todas as nossas escolas têm computadores, plugados à internet por banda larga. Que restauramos o ensino técnico-profissionalizante.
Que produzimos e distribuímos livros didáticos, gratuitamente.
Não sabe que construímos, reformamos ou ampliamos 40 hospitais, para dar ao segurado do SUS o mesmo atendimento que há em hospitais privados. Que construí mais de 300 clínicas para o atendimento às mulheres e crianças de famílias mais pobres, para reduzir a mortalidade materno-infantil.
Senhor Boechat, não há paralelos no Brasil com essas clínicas e o senhor não imagina o que isso representa de proteção e carinho às famílias de menor renda.
O senhor também não sabe que construímos 320 bibliotecas, em todo o estado. Hoje, senhor Boechat, praticamente todos os municípios paranaenses têm bibliotecas.

Todas com computadores ligados à internet, por banda larga. Livros, senhor Boechat, livros a mão cheias para a formação de mulheres e homens livres, bem informados.
O senhor Boechat não sabe nada disso. Ele não conhece o Paraná.
Ele não sabe que abri, irrestritamente, todas as contas do estado, que coloquei na internet cada tostão gasto.
O Paraná, senhor Boechat, fez isso antes de todos os governos. Nada a esconder, tudo a revelar. Sem medo.
Mas, o senhor Boechat não sabe nada disso.
Ele não sabe que, pela primeira vez em décadas, sob o meu Governo, estancamos o processo de desaparecimento da pequena propriedade rural, segurando, em conseqüência, o êxodo até então incontrolável para as cidades.
Ele não sabe que das 371 mil propriedades rurais no Paraná, 320 mil são pequenas propriedades, até então abandonadas pelo poder público. E o meu Governo apoiou-as com crédito, assistência técnica, tratores, irrigação, sementes, moradias, saneamento, estradas, escolas agrícolas.
O senhor Boechat não sabe nada disso.
Não sabe que o meu Governo fez uma clara opção preferencial pelos mais pobres, certamente, para escândalo de alguns pretensos intelectuais, com aquele característico corte blasé, hoje capturados pela mediocridade do pensamento neoliberal, de que o senhor Boechat parece ser um exemplo bem talhado.
Mas o senhor Boechat não é de todo ignorante. De uma coisa ele sabe.
Ele sabe que cortei as verbas públicas em propaganda. Fiz o desmame de uma sangria quase que centenária. Dei um choque de capitalismo na mídia, cortei-lhe a principal fonte de sustento, o dinheiro do Tesouro estadual.
Por que ele sabe disso? Porque é na mídia paranaense e em seus interesses contrariados que ele se abastece de notícias, arruína o seu fígado, exercita o seu ódio, empanturra-se de mentiras.
Já que parte da mídia do Paraná fez do ataque a mim o seu meio de vida, seu sustento, porque há sempre quem pague.
O senhor Boechat abastece-se também com meus adversários políticos, alguns conhecidos ladrões do dinheiro público, gente que já foi presa e que só está solta porque a Justiça, ora a Justiça…. Um deles é um caso notável.
Este fulano, quando era secretário de Estado, liberou o bingo no Paraná, embora não tivesse competência para isso. Liberado o bingo, tornou-se dono de casas de bingo e foi pilhado em interceptações telefônicas recebendo prestação de conta do movimento das casas.
Esse mesmo personagem é acusado de desvio de milhões de reais em uma operação de levantamento de crédito tributário.
Ele e comparsas pagaram, com dinheiro público, a uma determinada associação, mais de dez milhões de reais para que a tal associação levantasse créditos tributários do DETRAN, o Departamento Estadual de Trânsito.
Só que, senhoras e senhores senadores, o DETRAN não paga ICMS, logo não tinha créditos a receber e mesmo assim pagou mais de dez milhões pela consultoria.
Meu Deus, que desfaçatez! Que certeza de impunidade!
Pois bem, essa gente está solta e eu fui condenado várias vezes porque os chamei pelo nome, chamei-os como devem ser chamados, ladrões! Enquanto os processos contra eles patinam nos Tribunais, condenam-me por denunciá-los publicamente.
É de informantes assim que parece se valer o senhor Boechat.
E com informações assim, calunia-me, ofende-me.
Mas quem é o senhor Ricardo Boechat, esse paladino do moralidade, da retidão, esse Catão, esse varão da República, esse homem sério que nunca cometeu os deslizes do poema em linha reta de Fernando Pessoa?
Quem é essa espada, esse chicote vingador dos deuses?
Seria o mesmo Ricardo Boechat demitido de O Globo, em 2001, por revelar o conteúdo de matérias que seriam publicadas pelo jornal, a uma das partes que disputava o controle de um bom naco da telefonia, então em processo de privatização?
A história é a seguinte. O empresário Nelson Tanure, principal acionista do Jornal do Brasil, era aliado da TIM, na disputa desta com o banqueiro Daniel Dantas, pelo controle da Telemig Celular e da Tele Norte Celular. E o senhor Boechat foi pego, em grampos telefônicos, revelando para um empregado de Tanure, detalhes de matérias que O Globo publicaria sobre o assunto.
Ouçam o que disse o Observatório da Imprensa sobre o escândalo: “Em um dos diálogos, ocorrido em 15 de abril (de 2001), Ricardo Boechat conta a Paulo Marinho os termos de reportagem que está escrevendo para revelar manobras do Opportunity e que seria publicada no dia seguinte em O Globo.
Pela conversa, fica evidente que a direção do jornal não foi informada sobre o grau de ligação do jornalista com Nelson Tanure e sobre o fato de que a reportagem foi minuciosamente discutida com Paulo Marinho”.
A nota do Observatório conclui: “Curiosamente, a reportagem (de Boechat) acabou sendo usada, dez dias depois, como peça de processo na ação judicial dos fundos de pensão (….) contra o Opportunity”. Oportuno, não senhor Boechat?
Chamado às falas pela direção de O Globo, o senhor Ricardo Boechat teve suas explicações rejeitadas e acabou sendo demitido do jornal.
Na verdade, os fatos explicavam tudo. E é nos fatos que todo jornalista deve buscar a verdade.
Que mais dizer ao senhor Boechat? Que mais dizer do senhor Boechat?
O que ele disse a meu respeito está sendo levado pelos meus advogados aos tribunais.