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Secretário da Segurança divulga artigo sobre ilegalidade dos bingos

Secretário da Segurança divulga artigo sobre ilegalidade dos bingos Bingos: ilegalidade antiga e explícita Novamente a discussão sobre a legalidade das casas de bingos ganha destaque nas páginas de jornais e revistas, além de ocupar importante espaço nos principais telejornais brasileiros e nas rádios de freqüência nacional. Nos anos de 2003 e 2004, tive a oportunidade de divulgar pelo menos dois artigos que alertavam a opinião pública e autoridades sobre os danos sociais e a ligação dos bingos com o crime organizado. De lá para cá, pouco ou quase nada foi feito para investigar as entranhas dessa “modalidade de jogo”. Agora, quem sabe, a CPI dos Bingos consiga resgatar com seriedade o tema e clarear os caminhos nebulosos que marcam a trajetória das casas de jogos. Já demos um primeiro passo com o depoimento, ainda que pouco revelador, do ex-assessor do ministro Antonio Palocci Filho, o advogado Rogério Buratti. Apesar de não integrar a CPI, entendo que posso contribuir com a comissão relembrando alguns episódios e contando outros novos que ocorreram nos corredores do Palácio do Planalto, mais precisamente com assessores do então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Citarei ilegalidades, mentiras e curiosidades explícitas que pontuam a trajetória da jogatina no Brasil. Antes, um breve histórico: o cassino Flamingo, construído em Las Vegas, deserto dos Estados Unidos, operou sempre como um dos principais tentáculos da máfia americana. No Brasil, outra máfia, a italiana, encontrou espaço para agir e subsistir por meio da construção das casas de bingo e exploração das máquinas de caça-níqueis. Mudaram os estabelecimentos e as “diversões”. Mas a estratégia criminosa continua a mesma. A máfia e seus integrantes encontraram respaldo legal na iniciativa do então deputado Onaireves Nilo Rolim de Moura, que idealizou e concretizou a possibilidade de os bingos contribuírem para o esporte com doações de parte do que arrecadam. Rapidamente, os donos de bingos trataram de associar as doações a insignificantes federações e associações esportivas pouco representativas, com algumas exceções. Desconfiando do destino do dinheiro, Pelé, então ministro do Esporte, investiu contra a legalidade do negócio e acabou vencido pela “bancada da bola”, capitaneada pelo deputado Eurico Miranda. Um fato instigante: homens conhecidos da opinião pública brasileira e que, comprovadamente, estão envolvidos com a lavagem de dinheiro por meio da jogatina, continuam livres e desimpedidos de exercerem suas cidadanias. Exemplos: Carlinhos Cachoeira (RJ), envolvido no escândalo Waldomiro Diniz, e o “folclórico” Ivo Noal (SP), preso várias vezes como um dos cabeças do jogo do bicho e proprietário de várias casas de bingo espalhadas pelo estado de São Paulo. Menos sorte tiveram o “comendador” Arcanjo (MT) e José Carlos Gratz (ES), ambos presos por lavagem de dinheiro por meio de casas de jogatina, inclusive bingos. Uma mentira: a Abrabin (Associação Brasileira dos Bingos) alega que o setor emprega 120 mil funcionários e cria, indiretamente, mais de 200 mil empregos. De acordo com o Ministério Público Federal de Brasília, os 395 bingos registrados na Caixa Econômica Federal empregavam, até 2004, 7.698 pessoas. Ocorre que a Abrabin explora indevidamente, inclusive em propagandas na mídia nacional, o número irreal de geração de empregos para justificar perante a opinião pública e as autoridades a existência dos bingos e das malditas máquinas caça-níqueis. Uma curiosidade: durante quatro anos de intenso combate à jogatina, vivi uma experiência única nos bastidores do Poder Federal. Como integrante da Comissão Nacional de Combate ao Jogo de Bingo, no dia 2 de fevereiro de 2004, reuni meus colegas promotores de Justiça e procuradores da República, também membros da comissão, para audiência com o então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Qual não foi nosso espanto quando, ao chegarmos ao andar do gabinete, muito próximo da sala do presidente Lula, fomos encaminhados até a sala de um dos assessores do ministro, que mantinha o mesmo status do corrupto Waldomiro Diniz. Era o sinal de que precisávamos para nos certificarmos que a nossa visita não passaria de um encontro formal. Fomos recebidos pelo assessor Johaness Eck, que nos ouviu durante duas horas, fez de conta que estava interessado pelo tema e recebeu extensa documentação que comprova a ilegalidade dos bingos. Por último, prometeu providências imediatas e que jamais foram tomadas. O descaso com o assunto nos leva a concluir que o governo federal não teve qualquer interesse em se aprofundar no combate à jogatina e seu rastro de corrupção e lavagem de dinheiro. Uma verdade: até que a CPI investigue visceralmente os bingos e suas conexões, assistiremos a centenas de casas de jogos ludibriando apostadores, levando famílias à falência e até provocando o suicídio de pais de família que perderam tudo e não suportaram a humilhação diante da mulher e dos filhos. Não tenho orgulho ao dizer que apenas no meu Estado, o Paraná, todas as casas de bingos foram e permanecem fechadas. Talvez a principal missão da CPI dos Bingos seja multiplicar a nossa iniciativa! Luiz Fernando Delazari, 34, integrante da Comissão Nacional de Combate ao Jogo de Bingo, é secretário de Segurança Pública do Paraná. Agência Estadual de Notícias 19/09/2005