Programa do PT

É surpreendente o caráter conservador do programa econômico do PT. Contra tudo o que está acontecendo no mundo, ele tem como âncora explícita o “equilíbrio macroeconômico”, como se igualdade entre despesas e receitas públicas fosse o santo Graal da economia política. Ao contrário do que estabelece essa visão, desequilíbrio macroeconômico é o padrão universal no mundo atual e receita keynesiana permanente para economias em recessão.

 

Isso mais do que se justifica, pois, se a economia está em recessão, o desequilíbrio macroeconômico pelo lado do aumento das despesas públicas, acima da receita, pode financiar a economia, sem inflação, até o esgotamento da capacidade ociosa, e enquanto houver demanda inferior à oferta. É o que fazem, apenas para citar dois exemplos paradigmáticos, os Estados Unidos e a China. Se agregarmos a isso planejamento econômico estratégico, garantimos um horizonte de prosperidade ao país.

 

Há uma péssima reflexão entre os economistas brasileiros relativamente ao período de grande prosperidade econômica dos anos 70. A chave da expansão foi o gasto público deficitário.

 

O processo resultou em inflação porque os liberais forçaram a retirada do controle de preços (CIP), soltando as rédeas da inflação. O que se faz hoje, com o chamado teto orçamentário, filiado ao conceito de equilíbrio macroeconômico, leva o Brasil para além do suicídio em que já se encontra.

A pergunta que se faz relativamente ao tema é a seguinte: por que financistas e economistas de mercado resistem tanto ao déficit público mesmo numa situação de recessão?

 

A explicação é simples: o déficit público joga dinheiro na economia, favorecendo o setor empresarial produtivo, mas contraria os interesses do sistema financeiro. Ele pressiona para baixo a taxa de juros, notadamente a taxa de juros de remuneração da dívida pública, por onde escoam bilhões de reais e dólares em favor dos banqueiros.