O senador Roberto Requião (PMDB/PR) está em campanha pela obrigatoriedade do voto aberto, que acaba com as deliberações secretas no âmbito do Legislativo. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Voto Aberto venceu a primeira etapa de votações nesta quarta-feira (13). Aprovado em primeiro turno, o texto, que não teve alterações, seguiu para o segundo turno de votação na mesma sessão plenária. Mas, depois de mais de seis horas de debates acirrados, a votação final da PEC ficou para a semana que vem.

“Muitas pessoas dizem que o voto aberto exacerba o controle do Executivo sobre o Congresso, sobre o Senado por exemplo. Não é assim. Talvez já tenha sido assim no passado. Hoje com o movimento de massas, com a internet, com as grandes redes de comunicação o peso da opinião pública é muito maior que o peso do Executivo, por exemplo”, afirmou.

Para Requião, a visão de que o voto secreto é uma conquista da democracia é uma visão superada pelas circunstâncias. “Nós não estamos vivendo mais na antiga Grécia e nem na Austrália, quando se implantou o voto secreto para defender os parlamentares contra a pressão do Executivo”, justificou.

O senador ressalta que os parlamentares não podem esconder de seus eleitores os votos e posições tomadas. “É como se um advogado resolvesse esconder do seu cliente o partido da defesa que escolheu numa determinada causa. É evidente que um parlamentar não pode consultar a cada momento os seus milhares de eleitores. Mas temos compromissos programáticos, compromissos com o próprio discurso que fizemos na campanha”, explicou.

“Temos a obrigação de deixar clara a posição que nós tomamos”, reforçou. Esta medida, segundo o senador, dá a chance ao eleitor avaliar se valeu a pena votar no parlamentar e se a atuação está sendo como ele imaginava. “Setores mais conservadores ainda se apegam a velhas teorias do voto secreto como defesa do parlamento. Isto está superado”, repetiu.

Outro ponto levantado por Requião é que o voto secreto pode esconder negócios escusos e posições incoerentes dos parlamentares. “Existem forças, nem tão ocultas, que estão trabalhando para manter o voto secreto, que é o voto do compadrio, o voto do impedimento, o voto da maracutaia no Congresso Nacional”, alertou.